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Síndrome das Unhas Frágeis


A queixa de unhas frágeis e quebradiças afeta cerca de 20% da população e mulheres são duas vezes mais afetadas que homens. Os dermatologistas usam o termo Síndrome das unhas frágeis para englobar os achados: unhas amolecidas, secas, fáceis de quebrar e com crescimento lento.

Para entender melhor esse problema, vamos analisar a estrutura da unha. A unha é um aparelho um tanto complexo. Na verdade, a lâmina dura e transparente que observamos em nossos dedos é apenas uma parte dessa estrutura. Essa lâmina pode variar em tamanho, forma e espessura e usualmente pode refletir presença de desordens tanto na fabricação das unhas como no organismo.A lâmina ungueal é formada por vários corneócitos, que são como tijolos que se ligam formando uma estrutura forte e flexível que protege nossos dedos. Essa estrutura é "morta" e repleta por uma proteína chamada ceratina.

Essa lâmina, porém, pode não ser tão forte e flexível assim por defeitos na fabricação ou consequência da ação de fatores externos. Quando a origem das unhas frágeis é espontânea, ocorre desde a juventude, usamos o termo “idiopático” e esses são os casos mais difíceis de tratar, porque não fica muito clara a causa dessa fragilidade. Quando os responsáveis são os fatores externos a mudança dos hábitos melhora muito a qualidade das unhas.

Todos os autores concordam que conteúdo de cálcio é baixo nas unhas (cerca de 0,2% do peso) e não contribui para a resistência ungueal. Com um papel mais importante na qualidade da unhas está o conteúdo de lipídios (cerca de 0,1% a 5%, sendo colesterol o principal componente) e a água (7 a 18%). Esses dados são importantes para entender que aumentar a ingesta de cálcio ou aplicá-los nas unhas pouco interfere nas unhas frágeis. Também ajuda a entender porque na menopausa, em que há redução da porcentagem de sulfato de colesterol nas unhas, as mesmas costumam ser mais frágeis.

O crescimento ungueal normal varia entre 0,5-1,2 mm por semana. E alguns fatores podem aumentar ou reduzir a velocidade de crescimento das unhas (não estamos falando aqui de fragilidade e sim do crescimento das unhas).

A clínica das unhas frágeis possui dois achados principais:

1) Onicosquizia ou descamação lamelar: que ocorre inicialmente na região distal da lâmina ungueal:

  • achado mais freqüente

  • causada principalmente por fatores externos que dissolvem ou quebram a adesão dos corneócitos das unhas

  • 2) Onicorrexe: sulcos ou estrias longitudinais paralelas, fenda distal ou múltiplas fendas denteadas

Frente a esses achados, o dermatologista vai descartar outras doenças que podem ter o aspecto semelhantes ao da Síndrome das unhas frágeis e investigar nos casos de Síndrome de Unhas frágeis verdadeiras onde está o problema e como resolvê-lo.

Depois de todo esse raciocínio e investigação é hora de decidir o tratamento mais adequado. O tratamento nunca é fácil e muitas vezes frustrante para médicos e pacientes. Como a lâmina é uma estrutura completamente ceratinizada, morta, as injúrias não podem ser reparadas e cada acidente é adicionado ao dano prévio, tornando a lâmina cada vez mais frágil. A cura da área lesada ocorre quando a mesma cresce e é cortada. Para prevenir novos danos devemos retirar a causa.

Para todos os casos a primeira medida do tratamento é a remoção dos fatores externos que podem causar ou exacerbar a fragilidade ungueal. Na maioria dos casos apenas as unhas das mãos estão afetadas o que ajuda a entender o papel dos fatoes externos nessa doença.

Quando há exposição ocupacional aos químicos, o uso de luvas é essencial. Para profissões com trauma repetido das unhas, as unhas devem estar cortadas.

Em relação à manicure das unhas, deve-se evitar uso excessivo de removedores de esmalte. O uso deve ser uma vez por semana ou menos. Acetato (“removedor”) é preferível em relação à acetona. Ocasionamente o uso de esmalte uma vez por semana é encorajado por diminuir a evaporação da água da lâmina ungueal. O uso de esmaltes pode evitar o contato das unhas com detergentes, servindo também como uma proteção. Mas a remoção ou manipulação das cutículas não é recomendada: pode danificar a lâmina ungueal por torná-la mais macia. Também não é recomendado o uso dos removedores de cutícula. Como já foi dito, as unhas em gel, unhas acrílicas e artificiais podem ter também um mecanismo de proteção. O grande problema é a colocação e retirada das próteses que podem traumatizar as unhas.

Após afastar os fatores externos e realizada a investigação cuidadosa excluindo associação com outras doenças, planeja-se o tratamento. O dermatologista pode introduzir o uso de substâncias tópicas (para aplicar nas unhas) e sistêmicas (para serem tomadas "por boca"), com função de hidratação, fortalecimento ou modificação da composição da unha.

A dieta deve ser saudável, balanceada, com ingesta adequada de vitaminas e minerais. As unhas são ricas em aminoácidos, assim é importante o consumo de proteínas, facilmente encontrados em alimentos de origem animal.

Existem poucas informações disponíveis sobre como os suplementos nutricionais podem afetar a diferenciação ungueal. Muitas terapias sistêmicas já foram tentadas para o tratamento das unhas frágeis. Durante anos, cálcio, gelatina, multivitamínicos e outros foram utilizados com pouca eficácia. Mas algumas substâncias mostraram resultados animadores. A suplementação de biotina demonstrou ser uma terapia benéfica na Síndrome das unhas frágeis. Ovos brancos são os alimentos mais ricos em biotina e a maioria das pessoas não consome ovos. Os nutricionistas também acreditam que a absorção da biotina pelo intestino delgado pode reduzir-se com o aumento da idade. Esse raciocínio apoia a suplementação empírica nesse grupo de pacientes. A base científica para as demais suplementações é mais fraca. Todos estudos são pequenos, não controlados. Existem tanto artigos que suportam quanto aqueles que não demonstram seu benefício.

Uso regular de hidratantes é recomendado para unhas especialmente em ambientes de baixa umidade e na população geriátrica. Fortalecedores devem ser utilizados com cuidado devido à presença muito frequente de tulueno-sulfonamida-formaldeido ("formol"). Formaldeído reage com a ceratina da unha formando cordões, tornando a unha mais dura. Porém, apesar dessas ligações tornarem a unha mais dura, se a quantidade é muito grande a unha pode se tornar seca e quebradiça. A unha pode se tornar tão frágil que pode descolar completamente do leito ungueal.

A indústria farmacêutica tem desenvolvido outros diversos compostos para o tratamento da Síndrome da Unhas Frágeis. Os estudos que sugerem o uso são pequenos e realizados pelos próprios laboratórios. A solução hidrossolúvel contendo hidroxipropilquitosan (HPCH), Equisetum arvense e metilsulfonilmetano possui resultados inconclusivos, mas alguns autores a consideram efetiva na redução da laminação das unhas . Um segundo esmalte composto por 16% de poliuretano, promete penetrar nos espaços intercelulares e depressões ungueais promovendo suporte mecânico. Ambos são aplicados a noite antes de dormir.

Resumindo os cuidados básicos com as unhas:

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