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Aproveitando o tema: filtro solar

  • Juliana Idalgo Feres
  • 26 de out. de 2015
  • 5 min de leitura

O tema fotoproteção assustou muita gente nesse último fim de semana. Na questão do ENEM 2015 o candidato deveria escolher o filtro solar com maior cobertura contra a radiação ultravioleta B. Aproveitando o tema vamos discutir as novas tendências de fotoproteção que ampliam a cobertura para além do UV-B e tratam a pele ao mesmo tempo.

Em termos gerais, a radiação do sol que atinge o topo da Terra é composta de:

1) Radiação ultravioleta (R-UV): interessa-nos especialmente as subdivisões UV-B (280-315nm) e UV-A (315-400nm). Os efeitos da R-UV sobre a pele podem ser imediatos (vermelhidão, elevação da temperatura, espessamento ou engrossamento da pele, escurecimento imediato e persistente, bronzeamento e produção da vitamina D) ou tardios (envelhecimento e câncer de pele). É o foco principal da fotoproteção.

2) Radiação visível (LV): é a parte da radiação do sol que nos faz enxergar tudo à nossa volta, diferente da radiação ultravioleta e infravermelha que não enxergamos. Seus efeitos sobre a pele têm sido bastante estudados. Alguns autores sugerem que a LV pode induzir pigmentação, manchas e contribuir para produção de radicais livres e mesmo reduzir a produção de colágeno da pele, processos que contribuem para o fotoenvelhecimento. As lâmpadas e os computadores por não emitirem R-UV e não causam câncer de pele, mas por emitirem luz visível, podem causar os mesmos efeitos que a LV do sol.

3) Radiação infravermelha: também presente na radiação solar pode contribuir com o envelhecimento da pele.

Os fotoprotetores solares são produtos aplicados sobre a pele compostos por substâncias que interferem na radiação solar, reduzindo seus efeitos na pele. Dentro dos filtros solares existem substâncias contra o UV-A ou UV-B e substâncias contra a luz visível. Ainda não há substâncias liberadas pela ANVISA capazes de absorver, dispersar ou refletir o infravermelho, mas há a tendência de colocar na composição do filtro solar substâncias capazes de reduzir os danos causados pela radiação, os chamados “anti-oxidantes”. Então, muito mais do que um filtro solar voltado contra a radiação UV-B, a tendência atual é criar filtros solares de espectro mais amplo, cobrindo também UVA, luz visível e os efeitos do infravermelho na pele. E já existem várias opções no mercado que misturam de diversas maneiras essas substâncias.

Além disso, existem diversas apresentações dos filtros solares, voltadas para as características da pele:

  1. Óleos: por oferecer baixo fator de proteção solar e serem muito oleosos não são utilizados para proteção. Ficaram conhecidos como bronzeadores.

  2. Géis e séruns: adequados para peles oleosas e acneicas. O sérum é mais suave, possui menos agente geleificante que o gel.

  3. Emulsões (creme e loção): mais oleosos, formam um filme sobre a pele que pode ser interessante para peles secas e sensíveis.

  4. Mousse: espuma suave e fácil de espalhar

  5. Aerossóis ou “sprays”: mais oleosos e fáceis de espalhar, porém com distribuição irregular. Ótimo para os períodos de reaplicação.

  6. Bastões ou sticks: compostos por ceras ou óleos, são muito resistentes à água. Ótimos para lábios e dorso nasal.

  7. Pós e bases: São opções para face e para reaplicação ao longo do dia.

Mas na embalagem muitas vezes encontraremos os termos "toque seco" e "oil free" (para pele oleosa), "com cor" (para pele com manchas), "à prova d'água" (para atividades na água e esportes), para pele sensível e infantis. O filtro solar também pode possuir em sua composição substâncias hidratantes, antioxidantes, clareadoras e mesmo repelentes à insetos, lembrando que nesse último caso a capacidade do filtro solar para filtrar a radiação ultravioleta pode ser reduzida assim como a toxicidade do repelente pode ser aumentada sobretudo em crianças. Para as crianças a Sociedade Americana de Pediatria libera o uso dos filtros solares a partir dos 6 meses. Antes dessa idade o ideal é manter as crianças fora da radiação direta. As queimaduras na pele na infância podem ter relação direta com o câncer de pele no adulto. Assim, os pais devem ter todo o cuidado redobrado ao proteger a pele dos seus filhos nessa época da vida.

Os filtros também podem ser diferenciados como "orgânicos ou químicos" e "inorgânicos ou físicos". Antigamente, os filtros físicos eram aqueles destinados para crianças e grávidas por serem mais seguros, porém com uma cosmética ruim, semelhante à uma pasta d'água. Hoje em dia a maioria dos filtros solares possuem uma mistura de ativos físicos e químicos, o que permite ampliar a proteção. Os novos compostos orgânicos utilizados nos filtros solares possuem menor capacidade de penetrar e irritar a pele do que os antigos, com maior segurança. Já os compostos físicos além de não irritar a pele, tem deixado cada vez menos o aspecto esbranquiçado que tanto incomodava.

Todos os filtros no mercado devem passar por testes que comprovem sua eficácia e segurança. O famoso termo FPS, que marca a proteção contra UV-B, é quanto tempo a mais a pele demorará para sofrer os primeiros efeitos do sol. Multiplica-se o tempo para lesão da pele sem proteção pelo fator do filtro. Se eram 5 minutos sem filtro, com filtro 30 aplicado corretamente, passam a ser 150 minutos. Usar filtro solar nunca protege 100% a pele, infelizmente.

O PPD, outro termo que tem aparecido nas embalagens, define a proteção contra o UV-A.

Ainda não existe uma quantificação do poder de proteção contra a luz visível e nem do poder de anti-oxidante. Na maioria, os filtros voltados para proteção contra a luz visível sãos aqueles que já vem com cor. Os que possuem antioxidantes tem esse dado na embalagem.

A orientação atual é a prescrição de um filtro solar fator 30 ou maior, PPD ao menos 1/3 do FPS. Na hora de aplicar o filtro solar, atenção para a quantidade. São 2 mg/cm², ou seja, para um adulto médio de 70 kg e 170 cm, são 35-40g para cobrir todo o corpo. Existe a regra da colher de chá para nos dar a idéia da quantidade por área recomendada. A aplicação inicial deve ocorrer 15 minutos antes da exposição ao sol, portanto, antes de sair de casa. A reaplicação deve ocorrer em média de 2 em 2 horas. E a Sociedade Brasileira de Dermatologia não recomenda exposição ao sol entre as 10 e 15 horas. Inclusive, no Nordeste Brasileiro, inicia a restrição a partir das 9 horas da manhã e no Centro Oeste, até as 16 horas.

Em uma população miscigenada como a nossa, é difícil classificar tipos de pele. Mas no geral, as peles mais claras têm maior risco para desenvolver câncer de pele do que as peles que se bronzeiam mais facilmente do que se queimam. Nas peles mais escuras a penetração dos R-UV é menor, além da taxa de reparo dos danos causados pela radiação ocorrer mais rápido. Quanto maior o risco de agreção à pele (áreas de pele mais finas, verão, horário próximo ao meio-dia, peles mais claras, ambiente de alta altitude ou claros que refletam a radiação, local mais próximo à linha do Equador) toda proteção a mais é bem vinda. Existem as fotoproteções mecânicas (uso de roupas, chapéus, óculos de sol, sombras artificais) que por possuírem alta proteção e por serem fáceis de usar são sempre indicados nessas situações. Já os nutracêuticos ou nutracosméticos orais vem sendo estudados como coadjuvantes aos fotoprotetores tópicos e fotoproteção mecânica, mas nunca podem ser considerados substitutos. Por último, devemos lembrar que toda a proteção é ainda mais importante em alguns casos específicos: tratamento de manchas de pele, melasma e sua prevenção durante a gravidez.

São muitas opções de produtos no mercado. Na escolha do melhor produto para sua pele peça ajuda ao seu dermatologista.

Fonte bibliográfica:

1) Consenso Brasileiro de Fotoproteção 2014, Anais Brasileiros de Dermatologia, novembro-dezembro de 2014, volume 89, suplemento 1.

 
 
 

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